A Grécia incrementou recentemente seu orçamento militar em mais de 30%, e isso abre um flanco para que o Brasil aumente sua exportação de produtos na área de defesa, disse na última quinta-feira (18/05) o diplomata Paulo Roberto Caminha de Castilhos França em sabatina na Comissão de Relações Exteriores (CRE) também na quinta-feira. Ele seu nome aprovado com 15 votos favoráveis e nenhum contrário para o cargo de embaixador do Brasil em Atenas (MSF 15/2023). Agora seu nome será analisado pelo Plenário.
O diplomata explicou que a Grécia vive tradicionalmente um quadro de tensões geopolíticas, o que leva o país a priorizar esforços de defesa. Acrescentou que no passado o Brasil conseguia exportar material bélico para a Grécia, e negociações já estão sendo retomadas para que o fluxo retorne.
"Este é um potencial enorme para o Brasil. A Grécia aumentou em mais de 30% seu orçamento militar. Já estamos atuando através da Embraer e da Avibras com esta diretriz", adiantou o diplomata, que é ministro de primeira classe desde 2011.
O relatório da indicação de França foi feito pelo senador Humberto Costa (PT-PE) e lido pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS). O texto destaca que o Brasil mantém tradicionalmente um fluxo comercial positivo com a Grécia, com superávits, mas a pauta está muito focada em produtos primários.
"A corrente comercial Brasil-Grécia foi de US$ 406 milhões em 2022, com o Brasil exportando US$ 352 milhões e importando US$ 54,5 milhões, um superávit de US$ 297 milhões para nós. E exportamos sobretudo soja, com 31%; café, com 29%; combustíveis e óleos minerais, com 12%; tabaco, com 10% e minérios de alumínio, com 6%", leu Trad.
Além de produtos de defesa, França disse haver um "potencial significativo" de incremento de exportações de outros itens industrializados ou semi-industrializados. Disse que, se sua indicação for confirmada pelo Plenário do Senado, atuará para que empresas brasileiras exportem mais aviões, equipamentos médico-hospitalares, componentes para automóveis e máquinas agrícolas, insumos para construção de estradas e construção civil em geral e equipamentos de medição e controle.
"Esses produtos estão subrepresentados na pauta comercial, embora já tenham, no passado, figurado entre os principais itens do intercâmbio entre Brasil e Grécia", afirmou.