Entre em contato com um de nossos especialistas!

Farmácias ampliam serviços para se tornarem ponto de acesso à saúde

blog.elemar.com.br

 

 As mudanças na regulamentação e o avanço da tecnologia estão fazendo com que as farmácias migrem do setor de varejo e consumo para a área da saúde. Cada vez mais elas buscam o seu espaço dentro do ecossistema, oferecendo serviços que antes eram exclusivos de consultórios, hospitais e laboratórios. Em 10 de maio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma nova resolução autorizando testes de triagem em farmácias.

Com unidades que oferecem vacinas, exames e teleinterconsultas, as farmácias têm caminhado para um modelo onde sejam vistas como um hub de saúde, sendo o ponto de acesso para o primeiro atendimento da população, em alinhamento com a atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) e clínicas populares.

Por conta da sua capilaridade, quase 90 mil farmácias espalhadas por todo o país, a expectativa é que no futuro esse modelo seja reconhecido pela população e por outros players do setor, criando a possibilidade de parcerias que tragam uma maior integração e ampliem ainda mais o acesso, já que o baixo custo dos serviços também é considerado um diferencial.

Depois de passarem por um modelo de drugstores, onde só se vendia medicamentos, e um mais focado em conveniência, em que produtos de higiene, beleza, entre outros, se tornaram parte importante da receita, as farmácias retornam para um modelo próximo do que foi décadas atrás, sendo considerado o local de confiança da população para pequenos serviços.

“Estamos caminhando para um modelo muito mais voltado para a saúde, que faz mais sentido que um modelo de ponto de conveniência. Obviamente, tem toda uma questão regulatória muito importante, mas tem uma vontade do setor de participar mais do ecossistema de saúde. Tem que ser feito com cautela”, explica Rita Ragazzi, líder do segmento Healthcare & LifeSciences da KPMG.

Lojas físicas em um mundo digital

A Pague Menos, segunda maior rede de farmácias do Brasil, com 1600 lojas, tem caminhado para se tornar esse hub de saúde. Desde 2019 construiu consultórios farmacêuticos em aproximadamente 70% das unidades, em que realizam até 60 tipos diferentes de serviços.

Após a aquisição da Extrafarma, a rede tem focado em eixos de crescimento em sua estratégia 2025-2026. Ser reconhecido como um hub de saúde, fidelizar clientes e vendas omnichannel são as principais, mas a inclusão de serviços como interconsultas, exames e vacinas são importantes para atingir tais objetivos.

“Estamos no momento de catequizar, educar as pessoas que as farmácias podem ser esse ponto de apoio. Geralmente quando você quer entrar no mercado e romper um modelo de negócio tradicional, não pode sair cobrando muito, não faz o menor sentido. O que eu estou preocupado agora não é fazer receita com esses serviços, é fazer com que a pessoa compre algo depois que tiver efetivamente a consulta”, explica Renato Camargo, vice-presidente de Marketing & Growth, Canais Digitais, Serviços de Saúde & Experiência do Cliente da Pague Menos.

Apesar da importância do digital para a venda das farmácias, que de acordo com dados da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) representam 4,7% do total da receita do setor, a possibilidade de se tornar referência como hub de saúde tem feito com que os grupos fortaleçam ainda mais os pontos físicos. 

“Quando se fala de retail tem três pilares importantes: aumentar número de clientes fixos, aumentar a frequência que os clientes fazem compras e aumentar o ticket médio. É um modelo híbrido (físico e online), mas existe uma forte expansão de unidades, principalmente dos principais grupos. Existe uma briga importante”, analisa Rita Ragazzi, da KPMG.

Na Pague Menos, cerca de 10% dos clientes realizam algum tipo de serviço (exames, interconsulta, vacinas, etc) e 80% deles compraram itens após a utilização. A possibilidade de oferecer um atendimento completo para situações simples, que não demandam um atendimento hospitalar, tem sido vista como um dos principais diferenciais. A rede acaba de fechar uma nova parceria com a healthtech Hilab para ampliar ainda mais os serviços de testes rápidos em suas unidades.

No Grupo DPSP, que conta com as Drogarias São Paulo e Pacheco, não é diferente. “Estamos investindo para ampliar nossa presença com a abertura de novas filiais e melhorando ainda mais a experiência do nosso cliente. Além disso, a digitalização e a adoção de tecnologias têm desempenhado um papel importante na jornada da saúde. Um exemplo é o lançamento do Viva Saúde, um ecossistema em desenvolvimento que tem como objetivo democratizar o acesso à saúde aos brasileiros”, aponta Andrea Sylos, diretora de Comercial & Marketing do grupo.

Tecnologia como pano de fundo

Com mais de 1300 lojas em 8 estados brasileiros e no Distrito Federal, o Grupo DPSP tem atuado para expandir os negócios em unidades físicas, digitais e através da sua marca própria. É a terceira maior rede do país e teve um faturamento de mais de 13 bilhões de reais em 2022. A expectativa para este ano é que sejam abertas mais 130 unidades, com um aumento de 15% nas vendas totais e 30% nas vendas digitais.

“Estamos ampliando nossa presença em diversos canais, incluindo nosso site, aplicativo e parcerias, para oferecer aos consumidores uma experiência abrangente de saúde e bem-estar. Buscamos fornecer serviços farmacêuticos ágeis e seguros, como imunização, testes rápidos e orientação adequada sobre medicamentos, para resolver as necessidades de nossos clientes de forma rápida e confiável”, explica Sylos.

A empresa adquiriu no ano passado a TI Saúde, plataforma que agrega diferentes serviços, entre eles telemedicina, com o intuito de fortalecer o programa Viva Saúde do grupo, que oferece consultas à distância e presenciais, junto a clínicas parceiras, para os associados. Com isso, a DPSP caminha para a ampliação de serviços que vão além da venda de medicamentos, com foco na construção de um hub de saúde.

As farmácias têm avançado na digitalização através de aquisições ou parcerias, como vem ocorrendo na Pague Menos, para oferecer telemedicina em suas unidades. Sendo um dos objetivos para a transformação e aproximação do público, a rede está definindo as healthtechs estratégicas para a ampliação dos serviços.

“Nós não teremos médicos ou telemedicina dentro de casa. Esse não é o nosso core. Nosso foco é oferecer serviços de saúde rápidos e fáceis dentro da farmácia e vender produtos com farmacêutico. Esse é o nosso negócio. Tem gente que faz isso muito bem e a gente acaba trazendo isso para cá”, explica Renato Camargo, da Pague Menos.

Controle da cadeia farmacêutica

Resultado de uma fusão de duas empresas na década de 70, a rede de farmácias Panvel conta com mais de 500 lojas espalhas pela região Sul e começou a expandir os negócios para São Paulo em 2016, onde conta com 9 unidades. Pensando em serviços além da venda de medicamentos e cosméticos, a rede conta com 90 salas de vacinação e 57 para testes, e estuda a ampliação do portfólio com a chegada da nova resolução da Anvisa.

“Vemos um mercado de farmácias em expansão, no qual a experiência do cliente que busca ambientes com serviços completos é uma tendência importante e um diferencial para as nossas operações da Panvel. Cada vez mais, as farmácias são locais de conveniência, além da comercialização de medicamentos e itens de higiene e beleza”, avalia Roberto Coimbra, diretor-executivo de operações do Grupo Panvel.

Contudo, parte importante do negócio da farmácia está no controle da cadeia farmacêutica. Além da rede, o Grupo Panvel conta com a Distribuidora Dimed e o Laboratório Lifar, o que favorece o modelo de negócio que foi responsável por faturar 4,3 bilhões de reais em 2022. Em um cenário onde as grandes redes tem trabalhado para desenvolver produtos próprios, ter uma indústria capaz de atender essa demanda pode trazer ganhos em eficiência e rentabilidade.

Apesar de acreditar que o Brasil tem aspectos que diferenciam do mercado americano, que passam por questões culturais e de regulamentação, Coimbra acredita que estamos nos aproximando de um modelo que amplie o investimento em serviços para a atenção à saúde. O uso da tecnologia e a inovação têm sido utilizados nas estratégias da Panvel para aumentar as vendas, seja nas unidades físicas ou de forma online.

“A farmácia do futuro deve ser cada vez mais conveniente para o cliente e com atendimento personalizado, que cuide do bem-estar da pessoa. Estamos vivendo isso agora, e vai se fortalecer ainda mais. Além disso, a farmácia do futuro passa por serviços cada vez mais digitais, que permitem uma experiência completa, apoiando na prevenção e no monitoramento da saúde do nosso cliente”, analisa o diretor-executivo de operações.

Modelo americano

Quando falamos de farmácias como hubs de saúde, o modelo americano é visto como o grande marco. Lá fora, além dos serviços de curativos, exames e vacinas, é possível realizar o atendimento presencial na farmácia com médicos, além da grande gama de produtos oferecidos, similar a um supermercado de produtos de higiene e beleza. No entanto, o próprio farmacêutico tem a autorização para prescrever alguns tipos de medicamentos.

No entanto, apesar de ser uma referência, a expectativa é que o futuro das farmácias no Brasil não siga esse modelo, mas construam o seu próprio conceito adaptado à realidade do sistema e da população. A farmácia atuaria de forma complementar ao sistema público e privado e não em substituição.

Para Renato Camargo, da Pague Menos, “a diferença do americano para o brasileiro é que o americano não tem o SUS e o plano de saúde é muito caro. O que acontece é que as farmácias viraram o ponto principal da saúde americana. A pessoa entra e já sabe que vai ter médico presencial, farmacêutico, prescrição, manipulação, etc. Vai ter tudo porque ela cobre uma deficiência do mercado de saúde dos Estados Unidos”.

Em sua visão, a inclusão das farmácias ao ecossistema de saúde brasileira vai não só contribuir com a atenção primária, mas também pode desafogar a saúde suplementar. A ideia é realizar consultas e exames de triagem que não demandam estruturas hospitalares e laboratórios, reduzindo a ida da população ao pronto-socorro. A Pague Menos já está realizando um projeto piloto em Fortaleza, sede da rede, com a Liv Saúde, operadora que conta com 52 mil beneficiários.

De acordo com Rita Ragazzi, líder do segmento Healthcare & LifeSciences da KPMG, caso esse modelo seja bem aceito e haja de fato uma integração com os sistemas de saúde, pode ocorrer uma movimentação do mercado para realizar novas aquisições, já que existem cidades que possuem um único posto de saúde e a capilaridade das farmácias pode resolver tais deficiências.

“Um dos cenários que podem se desenhar é vermos que existe uma adoção interessante da população, que realmente a farmácia pode fazer parte de uma cadeia de prestação de serviços, complementarmente, e um grande grupo decidir consolidar uma farmácia, que hoje em termos de logística e apenas venda de medicamento não fazia sentido consolidar. A hora que se coloca outros serviços pode fazer sentido adquirir farmácias de cidades pequenas que estavam fora do escopo anteriormente”, prevê Ragazzi.

Healthtechs e prestadoras de serviços

Parte importante da evolução e ampliação das farmácias vem de startups parcerias que criam soluções e levam inovações para as redes. É o caso da Funcional Health Tech, empresa que através da tecnologia realiza a integração de diferentes áreas da saúde, como operadoras de planos de saúde e indústria. Presente em 50 mil lojas, oferece programas de fidelização de clientes e conecta empresas que queiram utilizar serviços das farmácias como benefícios aos seus funcionários, além de outros serviços, como acompanhamento de pacientes de doenças crônicos.

“Para você fazer qualquer ação com os clientes, precisa de uma gestão de tudo que acontece no dia a dia da farmácia, saber como está o perfil de compra, quem está utilizando os serviços. Tudo que a gente vê no varejo convencional vemos na farmácias. Oferecemos ferramentas que fazem todo um mapeamento do consumidor e como podemos melhorar a experiência dele na loja”, explica Cristiane Giordano, CEO da Funcional.

Uma dessas iniciativas foi feita com o Grupo DPSP. Juntas, criaram um programa de vacinação em que oferecem até 50% de desconto para que as empresas façam a adesão. Dessa forma, além de reduzir o custo com a imunização dos colaboradores, estimulam a prevenção de doenças e atuam na atenção primária. Serão disponibilizados 15 tipos de imunizantes dentro dessa iniciativa, o que também aumenta a visibilidade das farmácias como local de aplicação de vacinas.

Recentemente, a Funcional anunciou a aquisição da PedBot, startup de chat commerce focado no varejo farmacêutico. A ideia é que o produto seja oferecido para as redes e farmácias individuais para fortalecer as vendas omnichannel, em especial via whatsapp, seguindo uma tendência observada pelo mercado farmacêutico.

A CEO analisa que aos poucos as farmácias estão se tornando um ambiente mais amigável, e que os clientes se aproximam cada vez mais. Mas é preciso que as farmácias conquistem o público como um hub de saúde, trabalhando a imagem e a credibilidade. As healthtechs devem ser as grandes parceiras nessa transformação.

“Oferecer vacinas nas farmácias já está em estágio um pouco mais avançado do que outros serviços, porque a pandemia trouxe isso. Na época da Covid muitas farmácias estavam aplicando vacinas e hoje os consumidores já veem a farmácia como um provedor, ao invés de uma clínica ou hospital. Para outros serviços, ainda vai depender muito de como a farmácia vai oferecer isso para os seus usuários”, observa Cristiane.

Futuro das farmácias

Essa discussão sobre o modelo e a possibilidade de os serviços contribuírem com o acesso à saúde da população é essencial para entendermos o futuro das farmácias no Brasil. É preciso aguardar a comprovação para entender onde elas vão estar dentro do ecossistema: se continuam atuando da forma que são hoje ou aumentam a atuação. A partir daí, é possível falar sobre ampliar os serviços oferecidos. 

“Como vai haver essa integração e de maneira adequada, o papel de cada um para que não se infrinja nenhuma questão de regra ou até de competência, é muito delicada. Isso tudo é muito novo e precisa ser estabelecido para que não aconteça um abuso. Em última análise, para que o paciente não saia prejudicado, por questões econômicas ou até mesmo para um desenho não ideal de funcionamento do sistema”, aponta a líder do segmento Healthcare & LifeSciences da KPMG.

Renato Camargo, da Pague Menos, defende que neste momento não há um novo grande salto para a inclusão de serviços nas farmácias. Ele acredita que o objetivo agora é convencer a população de que a transformação do setor em hub de saúde é um local de confiança para encontrar o primeiro atendimento, em um local próximo e seguro. Um ponto de acesso à saúde de fato.

Na avaliação dele, o próximo passo é um dever de casa para as healthtechs, que podem encontrar soluções que conversem com o que já é oferecido hoje, como criar testes rápidos para alguns exames que ainda não são.

“Farmácia do futuro é uma farmácia one stop shop, você vai encontrar efetivamente tudo que precisa para saúde, saúde primária especialmente. É um lugar de orientação que você vai ter ali perto de casa de maneira rápida, fácil, barata e acessível. Aquilo que você precisa para ter uma orientação, evitando com que se automedique ou procure o dr. Google”, analisa Camargo.

 

Fonte: https://futurodasaude.com.br/


Sobre o autor

No mercado desde 1979, a princípio somente na área de Desembaraço Aduaneiro, a Elemar tem no sue DNA como motivação proncipal, surpreender o Cliente em todos as aspectos relacionados a logística, oferecendo soluções inovadoras, até bem por isto deste conceito nasceu nosso slogan: Logística, Suporte e Soluções, o que fez com que fossemos ampliando nosso leque de serviços para atender todas as necessidades dos nossos clientes e hoje alcançamos o nível de Operador Logístico Internacional com equipes exclusivas e atuantes em:

  • Projetos Logísticos;
  • Agenciamento de Carga;
  • Desembaraço Aduaneiro;
  • Armazém Geral;
  • Gestão de Distribuição.